Efêmero: adj
Que dura pouco; transitório; passageiro; sin
breve; curto; fugaz; provisório; frágil; mortal. Parece só mais uma palavra
com definição simples, não é? Eu também achava. Mas hoje descobri que ás vezes
as palavras se transformam quando a gente pensa sobre elas, se transformam em
sentimentos, algo muito mais nítido e profundo de se analisar.
Efêmera. Ouvi essa palavra ontem, sem querer, quando
parei para ouvir uma música da Tulipa Ruiz. “Efêmera”, era esse o nome da
música. E eis que ela simplesmente grudou na minha cabeça, feito jingle de
comercial ruim, e então, sem ter outra alternativa, a peguei com todo o carinho
e comecei a tratá-la como mais do que uma simples palavra, como uma verdade
infinita. E o que eu acabei descobrindo? Ah, essa é a parte ruim da história.
Acabei descobrindo uma das maiores agonias de minha vida, ser efêmera.
Já pensou sobre isso? Se você partisse amanhã, para
outro lugar, plano ou mundo, o que sobraria de seu aqui? Você deixou alguma
marca? Alguém vai se lembrar de você por mais tempo do que dura o luto? Ah, meu
amigo, são essas perguntas que estão assombrando o meu ser desde então. E tudo
por uma simples palavra...
Efêmera. Não é assim que eu quero ser, não quero
durar apenas o tempo de uma lágrima. Eu quero ser eterna, eu quero que as
pessoas se lembrem de mim com saudade, não só pelos primeiros 3 meses, mas
pelas próximas décadas. Eu quero fazer algo notável, algo que mude o mundo,
algo que mude o meu mundo ou o mundo de uma única outra pessoa.
Frágil, provisório e mortal. Assim somos todos,
assim é a carne, a pele, os ossos, mas e a alma? E quem eu sou? E os sonhos que
eu tenho? E os planos que eu fiz? Será que eu ajudei alguém? Será que eu fui
importante? Será que, ao menos uma vez, eu fiz a diferença? E se eu não fiz,
será que há tempo para fazer?
E você deve estar aí, se perguntando, “mas, afinal,
o que ela quer? Um busto de bronze no meio da praça?”. E a resposta é sim, ou
talvez não! Eu quero que alguém ouça o que eu tenho para dizer! Eu quero ser a
tia favorita de alguém, a irmã favorita de alguém, a melhor amiga de alguém! Eu
quero publicar um livro. Eu quero ensinar alguma coisa importante para as
crianças. Eu quero saber o que é o amor. Eu quero ser mãe. Eu quero ter um
milhão de cachorros. Eu quero ajudar alguém que precise. Eu quero ter minha
casa. Eu quero poder dar um presente legal para minha mãe. Eu quero passar mais
tempo com a família. Eu quero conhecer o mundo e quero que o mundo me
conheça...
Isso é loucura? Se for, me diz! Eu preciso saber! Eu
preciso saber se há algo mais lá fora, mais do que isso aqui, do que tudo o que
me rodeia... Eu preciso saber que eu não sou descartável. Eu preciso de um
lugar no mundo que me pertença. Eu preciso de algo para chamar de meu. Eu
preciso de alguém para chamar de meu. Eu preciso...
Efêmera. Agora você consegue me entender? Você
também sente a transformação? E quando isso acontece, meu querido, quando a
palavra se transforma, já é tarde demais. Tarde demais para não sentir. Tarde
demais para não ser, para não ver, para não sofrer... Será? Será que é tarde
demais? Eu espero que não, sinceramente espero que não...
E então? Mais alguém se sentindo efêmero? Vem, se aconchega aqui no sofá e me conta o que achou do texto novo. Tô acabando de assar um bolo, quer um pedaço? ;)
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