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25 outubro 2014

Efêmera

Efêmero: adj Que dura pouco; transitório; passageiro; sin breve; curto; fugaz; provisório; frágil; mortal. Parece só mais uma palavra com definição simples, não é? Eu também achava. Mas hoje descobri que ás vezes as palavras se transformam quando a gente pensa sobre elas, se transformam em sentimentos, algo muito mais nítido e profundo de se analisar.
Efêmera. Ouvi essa palavra ontem, sem querer, quando parei para ouvir uma música da Tulipa Ruiz. “Efêmera”, era esse o nome da música. E eis que ela simplesmente grudou na minha cabeça, feito jingle de comercial ruim, e então, sem ter outra alternativa, a peguei com todo o carinho e comecei a tratá-la como mais do que uma simples palavra, como uma verdade infinita. E o que eu acabei descobrindo? Ah, essa é a parte ruim da história. Acabei descobrindo uma das maiores agonias de minha vida, ser efêmera.
Já pensou sobre isso? Se você partisse amanhã, para outro lugar, plano ou mundo, o que sobraria de seu aqui? Você deixou alguma marca? Alguém vai se lembrar de você por mais tempo do que dura o luto? Ah, meu amigo, são essas perguntas que estão assombrando o meu ser desde então. E tudo por uma simples palavra...
Efêmera. Não é assim que eu quero ser, não quero durar apenas o tempo de uma lágrima. Eu quero ser eterna, eu quero que as pessoas se lembrem de mim com saudade, não só pelos primeiros 3 meses, mas pelas próximas décadas. Eu quero fazer algo notável, algo que mude o mundo, algo que mude o meu mundo ou o mundo de uma única outra pessoa.
Frágil, provisório e mortal. Assim somos todos, assim é a carne, a pele, os ossos, mas e a alma? E quem eu sou? E os sonhos que eu tenho? E os planos que eu fiz? Será que eu ajudei alguém? Será que eu fui importante? Será que, ao menos uma vez, eu fiz a diferença? E se eu não fiz, será que há tempo para fazer?
E você deve estar aí, se perguntando, “mas, afinal, o que ela quer? Um busto de bronze no meio da praça?”. E a resposta é sim, ou talvez não! Eu quero que alguém ouça o que eu tenho para dizer! Eu quero ser a tia favorita de alguém, a irmã favorita de alguém, a melhor amiga de alguém! Eu quero publicar um livro. Eu quero ensinar alguma coisa importante para as crianças. Eu quero saber o que é o amor. Eu quero ser mãe. Eu quero ter um milhão de cachorros. Eu quero ajudar alguém que precise. Eu quero ter minha casa. Eu quero poder dar um presente legal para minha mãe. Eu quero passar mais tempo com a família. Eu quero conhecer o mundo e quero que o mundo me conheça...
Isso é loucura? Se for, me diz! Eu preciso saber! Eu preciso saber se há algo mais lá fora, mais do que isso aqui, do que tudo o que me rodeia... Eu preciso saber que eu não sou descartável. Eu preciso de um lugar no mundo que me pertença. Eu preciso de algo para chamar de meu. Eu preciso de alguém para chamar de meu. Eu preciso...

Efêmera. Agora você consegue me entender? Você também sente a transformação? E quando isso acontece, meu querido, quando a palavra se transforma, já é tarde demais. Tarde demais para não sentir. Tarde demais para não ser, para não ver, para não sofrer... Será? Será que é tarde demais? Eu espero que não, sinceramente espero que não...

E então? Mais alguém se sentindo efêmero? Vem, se aconchega aqui no sofá e me conta o que achou do texto novo. Tô acabando de assar um bolo, quer um pedaço? ;)

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